sábado, dezembro 29, 2007

Passagem de ano

2007 vai chegando ao fim. E daí? Não sou como Drummond que achava genial a idéia de cortar o tempo em fatias. Para o poeta de sete faces, doze meses são suficientes "...para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos". Depois, "...vem o milagre da renovação e tudo começa outra vez...". Não, não. Nada disso. "Eu não sei o que o amanhã me trará", assim como Fernando Pessoa em sua última frase. Entro em 2008, como estive em 2007 ou em 2006: "...tonto de tanto dormir ou de tanto pensar...".
Não sei se terminarei "Água Viva", de Clarice Lispector, antes do dia 31. Provavelmente, concluirei a leitura da novela "Morte em Veneza", de Thomas Mann, ainda esse ano. "Tonio Kröger" fica para o ano que vem. Assim como "A Peste" e "O Estrangeiro", de Albert Camus. Estou cansado, mas não sei de que me canso. "De nada me serviria sabê-lo...". Adeus 2007. E obrigado a Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa e Álvaro de Campos pelas frases tomadas por empréstimo.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Pensando bem...

O Senador José Agripino Maia (DEM/RN) é um democrata. Vejamos: foi prefeito biônico de Natal, indicado pelos militares, e apoiou uma ditadura que assassinou milhares de pessoas, muitas delas tidas como "desaparecidas", que lutaram para redemocratizar o país. Pensando bem, ele é um DEMOcrata.

Direto do Orkut

Essa veio da comunidade "Ingmar Bergman - Brasil".
Um membro perguntou: o que Bergman teria dito à morte ao encontrá-la?
Primeiro, a morte lhe disse:
- Enfim, xeque-mate.
E Bergman respondeu:
- Hoje morro mas você não me venceu.

Grande Bergman, realizador de obras-primas como "O Sétimo Selo", que inspirou a criação desse fictício diálogo.

sábado, dezembro 15, 2007

Frase da semana

"Foi uma vitória de merda"
Senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, após a votação da PEC nº 89, de 2007, que culminou com a extinção da CPMF.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Política - Renan absolvido, CPMF quase aprovada

O plenário do Senado acaba de absolver o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da segunda acusação de quebra de decoro parlamentar. Antes disso, Renan oportunamente renunciou à presidência do Senado. De nada adiantou o relatório do senador Jefferson Péres (PDT-AM) que apontou indícios da participação de Renan em "sociedades ocultas" para aquisição de emissoras de rádio.
Foram contabilizados 48 votos pela absolvição, 29 pela cassação e quatro abstenções. Pelo placar, deduz-se que Renan teve a seu favor voto de tudo quanto é lado: PMDB e PT em peso, além de alguns dos oposicionistas PSDB e DEM. A absolvição do alagoano deve garantir ao governo os desejados R$ 40 bilhões da CPMF. Os senadores da sua órbita de influência - João Tenório (PSDB-AL), Euclydes Mello (PRB-AL), Almeida Lima (PMDB-SE), Wellington Salgado (PMDB-MG), dentre outros -, que votariam contra a prorrogação do tributo, se o plenário o cassasse, deverão decidir a favor da CPMF.
Onde foram parar a ética e o decoro parlamentar?

sexta-feira, novembro 23, 2007

Política - FHC, bom português e a crise tucana

Numa clara referência a Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou hoje, durante o 3º Congresso Nacional do PSDB, que o país precisa ser liderado por alguém que fale bom português. "Faremos o impossível para que os brasileiros falem a nossa língua e falem bem e não sejam liderados por alguém que despreza a educação, a começar pela própria", disse o ex-presidente (veja matéria do Estadão, referenciada abaixo). Demonstra, com isso, um preconceito e um despeito enorme. Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim (veja o artigo no link abaixo), "...se ele exprime esses sentimentos, com tanta clareza, porque é um despeitado – como supõe o Ministro Tarso Genro – ou que percebe que vai entrar para a História como uma nota de pé de página do movimento neo-liberal na América Latina, isso pouco importa". O sociólogo tem horror a pobre mesmo.
Mais que uma declaração isolada, é possível, com isso, ver o quão desesperado está o PSDB. Atira para todo lado, de qualquer jeito e com qualquer argumento. Sem discurso coerente, negando realizações feitas no passado quando era governo - como as privatizações -, o partido está em busca de uma identidade, após as derrotas nos pleitos presidenciais de 2002 e 2006. Os presidenciáveis José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) procuram, ao máximo, descolar-se de FHC. Já ficou comprovado, em eleições anteriores, que o ex-presidente tira votos de quem apóia. FH terminou seu mandato, em 2002, com apenas 30% de taxa de avaliação positiva - enquanto o "analfabeto" Lula tem mais de 50%. Em resumo: atrapalha mais o PSDB do que ajuda. Quanto menos ele fala, melhor para os tucanos.
E mais: segundo PHA, o objetivo do ex-presidente "...é tirar o foco da denúncia contra o mensalão tucano. É mais ou menos como arrancar o dedão do pé para se livrar de um espinho". Pois é, ainda tem o mensalão mineiro. Como é dura a vida do PSDB: está na oposição desde 2003 e, pior, sem base social.
Desse jeito, os tucanos não vão conseguir cumprir o grande objetivo proposto pelo novo programa do partido que é aproximar o povo brasileiro da legenda.
Reportagem do Estadão: http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac84610,0.htm
Artigo de Paulo Henrique Amorim: http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/467001-467500/467131/467131_1.html

terça-feira, novembro 20, 2007

Política - Câmara dos Deputados dá as costas para os comerciários

O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, por 234 votos a 197 e 5 abstenções, as mudanças feitas no Senado Federal para a MP 388/2007, que regulamenta o trabalho no comércio aos domingos e feriados. O Senado queria que o trabalho no comércio aos domingos fosse autorizado, ou não, pela convenção coletiva dos comerciários. Com isso, a Câmara deu as costas para esses trabalhadores. Essa medida enfraquece os sindicatos, mostrando de que lado a maioria dos deputados está. Vale registrar que as lideranças do PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL, PV, PPS, PHS e PTdoB encaminharam voto favorável às modificações do Senado. PSDB e DEM, por exemplo, votaram contra as mudanças.

domingo, novembro 18, 2007

Esporte - Santa Cruz na terceirona

E o Santa Cruz, hein? Que ano terrível. O time terminou a primeira fase do Campeonato Pernambucano em 7º lugar, atrás de times inexpressivos como Ypiranga e Vera Cruz. E no Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão, depois de ter sido rebaixado da Série A, ano passado, 18º lugar e rebaixamento à Série C. Foi uma tragédia anunciada. Time montado às pressas, salários atrasados, falta de planejamento, são algumas das causas do fracasso. Desde 2006, quando o rebaixamento à Série B era certo, que o Santa Cruz não joga bem. Tempo suficiente para fazer ajustes e planejar o time para a temporada 2007. Mas não foi o que aconteceu. Continuaram contratando jogadores com base no que eles foram e não no que eles são atualmente. Resultado: um time teoricamente bom no papel, mas na prática... Que sirva de lição esse momento. Está na hora de profissionalizar todas as diretorias do clube, impor metas a seus titulares e cobrar resultados. Um lampejo de que isso vai acontecer: Ricardo Rocha, tetracampeão mundial em 1994, foi convidado para ser diretor do departamento de futebol, a ser criado, cargo que será remunerado.
É hora de levantar a cabeça. Não adianta o presidente Edinho ir à imprensa mostrar um dossiê contendo provas de corrupção na arbitragem brasileira. Isso não salvará o Santa da terceirona. E mais: porque somente agora ele apresentou esse dossiê?
A palavra de ordem no tricolor deve ser trabalho. Para que as quedas seguidas se transformem em acessos seguidos rumo à Série A.

Fragmentos (de uma vida banal)

Um dia nas férias. Um dia qualquer da semana passada.
Acordei às onze horas da manhã, com sono, para almoçar, tomar banho e ir para a auto-escola. Resolvi aprender a dirigir. Quem já viu um homem que não sabe dirigir? Vou, então, tentar tirar a Carteira Nacional de Habilitação.
Saí de casa para apanhar o ônibus rumo à auto-escola. Esperei uns cinco minutos e o ônibus chegou. Passei pela catraca e sentei-me ao lado de uma senhora bêbada e mal-cheirosa. Pense como isso me irritou. Aliás, irrito-me com simples eventos, como quando tenho que sair de casa e começa a chover, por exemplo. Isso é tão banal que não deveria provocar irritação em ninguém. Depois dessa tergiversação, volto ao relato.
Em quarenta minutos estava na auto-escola. Mas, antes, passei pelo paraíso do consumo que "atende" pelo nome de shopping-center. Não perdi a oportunidade de fazer algumas infames piadinhas a respeito da classe média consumista ao meu irmão, que me acompanhava e que também está tentando se tornar um motorista de carro de passeio. Ele rira bastante, mas as piadas eram bem ruins. Acho que nem precisava de piada. Ver a classe média se empanturrando em compras e sair do shopping e dar de cara com uma favela, a menos de 30 metros, com crianças andando nuas e descalças é, no mínimo, humor negro. Uma piada de péssimo gosto. Mas deixa para lá. Acabei hesitando novamente.
Disse que em quarenta minutos estava na auto-escola. A auto-escola fica bem perto do shopping e da favela mencionada. Fica no primeiro andar de uma sala comercial. É um imóvel minúsculo com péssimas instalações. O atendimento é pior ainda. Quem me atendeu pela primeira vez, foi uma mulher que aparentava ter entre 18 e 21 anos. Pense numa moça insolente, mal-educada. Quase perco o que me resta de compostura com ela. Mas me contive. Afinal, sou bom moço e tinha três horas intermináveis de aula pela frente. Não podia me irritar e arriscar ter uma dor de cabeça. Ainda mais naquele calor, acentuado pelas pequenas dimensões do imóvel. Para me refrescar um pouco, fui tentar tomar um copo de água. Mas quem disse que tinha água? Outra banal irritação. Começou a aula. Na sala tinha gente de todo tipo. Gente nova, gente velha, magros (como eu), gordos, mães recentes, desempregados, enfim, um verdadeiro mosaico de tipos. Como em quase todo lugar. Chega o instrutor.
Tipo engraçado o tal instrutor. Era meio surdo e não enxergava muito bem. Falava pausadamente, o que me irritava às vezes - mais uma irritação banal. O senhor, a que muitos se referiam como "professor", não tinha a menor didática. As aulas eram irritantemente monótonas. Disse umas quarenta infrações cometidas no trânsito e respectivas penalidades. Deu nem tempo de refazer a sinapse nervosa. Estava prestando tanta atenção no que ele estava dizendo que acabei cochilando uns cinco minutos. Chega a hora do intervalo.
Vinte minutos. Não tinha intimidade com nenhum dos meus pares. Uma semana só de aula, para quê conhecer mais gente? Fiquei trocando idéias com meu irmão. Falamos de tudo: moda, pintura, cinema. Cada assunto era discutido à toque de caixa. Já pensou falar do expressionismo em um minuto? Ou do neo-realismo italiano em dois minutos? Dá para perceber o quanto foram proveitosas nossas conversas. Acabou o intervalo. Os vinte minutos se transformaram em trinta e cinco. Voltamos à aula.
Eu só conseguia prestar atenção no relógio, rezando para que chegasse logo às cinco horas da tarde. Mas o instrutor quebrou meu galho. Nos liberou vinte minutos antes. Nem ele estava agüentando aquele misto de marasmo e calor infernal. Dirijo-me à parada de ônibus, a fim de retornar para casa. Afinal, estou de férias e sem dinheiro. O melhor lugar para estar é em casa. Chega o ônibus. Ainda bem que tem lugar para sentar. Pago a passagem e sento-me. Chego em casa. Tomo banho e como alguma besteira. Mas o dia estava longe de terminar...
Dando uma passada nos canais de televisão, vi que ia passar "Morte em Veneza", de Luchino Visconti. Já tinha ouvido falar muito desse filme e do livro do Thomas Mann. Marquei para não esquecer. Até lá, li algumas páginas de "A Paixão Segundo G. H.", da Clarice Lispector. Ainda estou na metade do livro. Não consigo avançar muito. O sufoco da protagonista é o meu. Pense como fico angustiado lendo esse livro. As palavras não dão conta do que G. H. sente.
Depois, passei a assistir a sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal que ia decidir se aprovaria ou não a prorrogação da CPMF. Aliás, não se fala em outro assunto. O Brasil se resumiu à CPMF. R$ 40 bilhões. O governo não queria perder. Como eu não queria perder minha paciência ouvindo um tal de Wellington Salgado, suplente de senador, desliguei a televisão. Fui para o computador.
Não sei porque toda vez que entro na internet, vou logo para a página da Folha de S. Paulo. Um jornal conservador, devoto do neoliberalismo, como quase toda a mídia brasileira. Mas sei filtrar o que é informação e o que é opinião. E como vêm misturados esses dois elementos, viu? Li algumas notícias. Percebi que faltavam dez minutos para começar o filme. Chegou a hora do filme.
Chamei meu irmão para assistir. Ele não quis, mas depois entrou no quarto e pegou o filme pela metade. Que obra-prima do Visconti. Ainda não tinha assistido. O filme conta a história de um músico que encontra a beleza personificada em um adolescente. Depois do encontro com o garoto, todas as discussões a respeito da beleza, se eram objeto da criação humana ou divina, caíram por terra. O músico apaixona-se perdidamente pelo adolescente e, a partir daí, começa a luta dele com ele mesmo, com seus valores e devaneios. Tudo isso, sendo acompanhado pela quinta sinfonia de Gustav Mahler. Fazia tempo que não via um filme tão belo. E a cena final, então? É sublime. Em certa parte do filme, é mostrada uma Veneza decadente, com seus mendigos e a peste asiática. O oposto da beleza. Tal qual, a relação "antônima" entre o shopping center e a favela, sendo que aqui esses extremos são produtos de um mesmo vetor. Pára, pára.
Fiquei com a imagem final do filme na minha cabeça, junto com o adagietto da quinta sinfonia do Mahler. Fui dormir. Ganhei meu dia.

terça-feira, outubro 30, 2007

Política - Notas

Vejam só
A deputada federal Solange Amaral (RJ), do Democratas (ex-PFL), é autora de um projeto de lei que introduz, no Código de Trânsito Brasileiro, a figura do crime doloso contra ciclistas e pedestres. Ela afirmou, ao Jornal do Brasil, que o governo Lula "...em vez de se preocupar com a vida, optou por se preocupar em engordar o caixa único do governo federal, esquecendo-se de que a vida é um bem muito mais importante do que o superávit primário". Referiu-se a recursos que poderiam ser destinados a educação para o trânsito, por exemplo, a fim de evitar acidentes fatais. Esse blog pergunta: onde foi parar o dinheiro da privataria federal tucana, apoiada pelo então PFL, que poderia muito bem servir ao fim proposto pela deputada? Veja a entrevista em: http://www.dem.org.br/noticias/a-vida-mais-importante-do-que-o-super-vit-prim-rio

Prorrogação da CPMF
Um ponto que não se discute no pacote da prorrogação da CPMF é a extinção da Desvinculação das Receitas da União. A DRU desvincula 20% da receita tributária da União, permitindo ao governo federal liberdade para gastar esse dinheiro. Quase sempre esses recursos se destinam a pagamento de juros. O senador Osmar Dias (PDT-PR) afirmou, hoje, que vai propor ao governo a não-incidência da DRU sobre os recursos da CPMF. Nada mais justo. Afinal, o governo afirma que a dívida externa não é mais problema. Então, que se aplique integralmente esses recursos em saúde, seguridade social e no combate à pobreza. Com a palavra, o governo.

sábado, setembro 15, 2007

Cinema - Metropolis


Considerado por muitos o primeiro filme de ficção científica, Metropolis, de Fritz Lang, é uma obra-prima do gênero. Lançado em 1927, com mais de três horas de duração (a versão original não existe mais), o filme é uma espécie de visão de futuro do diretor. Lang pensara numa cidade industrial onde os ricos exploravam os operários, que eram obrigados a trabalhar mais de dez horas por dia.

Metropolis é uma cidade comandada por Joh Fredersen (Alfred Abel), onde os operários eram obrigados a cumprir longas jornadas diárias de trabalho a fim de que as máquinas não parassem. Certo dia, seu filho Freder (Gustav Fröhlich) descobre planos de uma possível rebelião e decide descer até a cidade dos operários (a classe dominante vivia acima dessa cidade). Lá, percebeu como eram desumanas as condições de trabalho. Nesse local, ele conhece Maria (Brigitte Helm), por quem se apaixona, a líder que articula junto com os operários uma reação baseada na paz, diferentemente do que pensara o filho de Fredersen.

Sabendo dos planos dos operários, Joh Fredersen pede ajuda a Rotwang (Rudolf Klein-Rogge), que trabalha na construção de um robô para substituir os homens no processo de produção. O cientista captura Maria e faz um robô à sua imagem e semelhança para que incite os operários à discórdia, tornando Freder o único mediador capaz de levar paz à cidade e conciliar os dois lados - capital e trabalho.

Infelizmente, Lang não acreditava na luta de classes. O desfecho dado ao filme, mostra que, para ele, a redução das desigualdades no então capitalismo industrial só seria possível com certa bondade dos empresários, que deveriam ser mais responsáveis a fim de manter o equilíbrio social. Trata-se de uma visão, até certo ponto, ingênua, idealizada, romantizada.

Porém, os traços futuristas presentes no filme são impressionantes. A direção é impecável, o desenho de produção, formidável. Influenciou, de alguma forma, todos os filmes de ficção científica feitos posteriormente. Apesar das divergências ideológicas com o filme, reconheço que é um clássico (dos maiores do expressionismo alemão) que merece ser visto por todos aqueles que amam a sétima arte.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Cinema - Hair


Domingo passado, assisti a "Hair", filme de Milos Forman, sucesso de público no Recife em 1980. Sinopse: jovem, vindo do interior, depara-se, em Nova York, com grupo de hippies dançando e cantando no Central Park. Ao mesmo tempo em que é apresentado a uma forma alternativa de viver, apaixona-se por uma jovem rica que também se encanta com o gênero de vida dos hippies.
Impossível não se comover com a história e, principalmente, com o final do filme, que considero antológico.
Qual dos mortais não conhece "Aquarius", música de abertura do filme? O clima da película é envolvente e nos põe em contato com um movimento social que pregava o pacifismo, acima de tudo.
O filme estreou nos EUA em 1979, quando o movimento hippie já estava em decadência. Isso permitiu a Forman um olhar mais racional, menos apaixonado, sobre o que se passou em terras ianques durante o conflito com o Vietnã.
Um filme cult, acima de tudo, que merece ser visto por todos os amantes do cinema. "Let the sunshine in..."

Vinte e três idéias para revolucionar a educação

Não, não se trata de nenhum manifesto comunista, nem algo muito difícil de ser alcançado. São 23 idéias possíveis de serem implantadas, propostas pelo presidente da Comissão de Educação do Senado Federal, Cristovam Buarque (PDT-DF). O custo para fazê-la: R$ 7 bi anuais, que equivale a menos de 0,5% do PIB. O custo de não fazê-la: impossível de ser estimado (já está custando a "alma do país", segundo o senador).
Valorizar, formar e motivar o professor, transformar o MEC no ministério da educação básica, instituir padrões mínimos de qualidade para todas as escolas brasileiras, são algumas das propostas.
Conheça todas as idéias aqui: http://www.cristovam.com.br/downloader.php?a=upload/arquivos/down_0466145001174512491.pdf

terça-feira, abril 24, 2007

Política - Lula lança o "PAC da Educação"

Com um otimismo fora do comum, o presidente Lula lançou hoje o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Dentre as principais medidas do plano, está a que implementa o piso salarial nacional dos professores da rede pública em R$ 850. Para não comprometer os Estados e municípios, o valor deverá ser atingido até 2010. Para Lula, o plano é o "mais revolucionário" já feito no país e inaugura "um novo século da educação do Brasil". Os sindicatos dos trabalhadores em educação, que não estão nem um pouco otimistas, promovem, amanhã, paralisação das atividades em defesa de um piso salarial maior para os educadores.

Confira alguns dos principais pontos que vão constar do PDE:
> Implantação da Provinha Brasil, para avaliar a alfabetização de crianças de 6 a 8 anos
> Crédito do BNDES de R$ 600 milhões para compra de ônibus e até barcos para o transporte escolar.
> Olimpíada de Língua Portuguesa, em 2008, em cerca 80 mil escolas e 7 milhões de alunos.
> Informatização de todas as escolas públicas. Serão instalados laboratórios de informática em todas as escolas públicas até 2010.
> Luz até o ano que vem em todas as escolas públicas que ainda não têm energia elétrica, dentro do programa Luz para Todos.
> O MEC e o Ministério de Ciência e Tecnologia vão lançar edital no valor de R$ 75 milhões para estimular a produção de conteúdos didáticos digitais.
> Até 2010, uma parceria das universidades públicas com as prefeituras vai implantar mil pólos de formação de professores em todo o país, principalmente nas pequenas e médias cidades do Interior. Além de suprir a demanda de professores, servirá para fixar o profissional em sua cidade ou região, evitando a perda de pessoas capacitadas para os grandes centros urbanos.
> O Programa Brasil Alfabetizado terá um novo desenho. Pelo menos, 75% dos alfabetizadores serão professores da rede pública municipal e estadual. São 100 mil professores que vão receber, além do salário, uma bolsa de R$ 200 reais por mês para alfabetizar adultos no turno em que não estão lecionando para as crianças.
> Na área da educação profissional, o PDE prevê a instalação de 150 escolas técnicas nas cidades-pólo. As cidades foram escolhidas levando em conta critérios de interiorização do desenvolvimento e de criação de oportunidades para que o jovem do interior não abandone sua cidade.
> Na Educação Superior, a principal medida é a ampliação do acesso. As universidades federais que abrirem ou ampliarem cursos noturnos e reduzirem o custo por aluno vão ganhar mais verbas. A meta é dobrar o número de vagas. Hoje são 580 mil.
> Articulação entre o Fies e o ProUni, permitindo o financiamento de 100% das bolsas parciais do ProUni e a quitação da dívida ativa consolidada das instituições de Ensino Superior. O novo programa poderá gerar 100 mil vagas por ano.

Economia - Governo do RS venderá 39,4% das ações do Banrisul

Agora é oficial. O governo do Rio Grande do Sul venderá quase 40% das ações do Banrisul, a fim de sanar o déficit nos cofres do Estado. O governo gaúcho não tem dinheiro nem para pagar os servidores públicos. Quem ganha acima de R$ 2,5 mil líquidos está recebendo salário parcelado. A boa notícia - não tão boa para o Sindicato dos Bancários - é que o governo estadual só ofertará ações preferenciais, ou seja, sem direito a voto. O percentual de ações ordinárias nas mãos do governo do Estado (99,4%) será mantido. A estimativa do Tesouro estadual é arrecadar R$ 2 bilhões com a operação. Hoje, o governo possui 99,4% das ações totais do banco (antes do Proes, detinha 48% do total e 78% das ordinárias). Deverá manter 60% do capital total.

quinta-feira, março 29, 2007

Economia - Estado brasileiro já pagou quase R$ 25 bi em juros neste ano

E essa cifra corresponde a apenas dois meses de pagamento. É um absurdo! Para o abono e o seguro desemprego, que são despesas obrigatórias, o Orçamento Geral da União 2007 destinará apenas R$ 15,6 mi. Para a biotecnologia na Amazônia não será destinado nenhum centavo, assim como no ano passado. Isso é que é política de desenvolvimento sócio-econômico!

Economia - BNDES aprova crédito de quase R$ 161 mi para usina e plantação de cana

Os usineiros, heróis nacionais e mundiais do presidente Lula, fazem sucesso, dentre outros motivos, graças aos financiamentos concedidos pelos bancos oficiais, com juros baratos e prazos longos para pagamento. Quer um exemplo? Veja matéria publicada, hoje, na Folha de S. Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u115680.shtml

segunda-feira, março 19, 2007

Ciência - Aquecimento global faz floresta crescer

Para o geógrafo Aziz Ab'Sáber, os impactos das mudanças climáticas globais fazem com que as matas atlânticas (matas, araucárias e pradarias mistas) e a Amazônia cresçam.
Leia reportagem da Folha de S. Paulo: http://www.clima.org.br/index.cfm?fuseaction=noticia&IDnoticia=26193

sábado, janeiro 13, 2007

Política - Notas

FHC desaprova apoio do PSDB a Chinaglia
O ex-presidente disse à Folha de S. Paulo ontem (12/01) que o apoio de seu partido à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara foi "precipitado". Faltou, segundo ele, "discussão política mais profunda sobre as implicações e conseqüências do gesto". Mas quem dentro do PSDB dá ouvidos ao que FH fala?

O que os liberais têm a dizer?
"A União Européia caminha aos trancos. Pelo menos duas tensões de fundo modelam seu futuro: o conflito entre o Estado Social e a globalização, que acelera a diferença entre ricos e pobres; e a valorização da heterogeneidade, que esbarra no Islã e na Turquia". Com esse alerta, Gilberto Dupas inicia seu artigo "Tensão social e intolerância: temas penosos na UE" (publicado no Panorama da Conjuntura Internacional, nº 32, dez/ abr. 2007, do GACINT/ USP). Alguns problemas sócio- econômicos do período técnico-científico atual são objeto de análise (violência urbana, pobreza, precarização do emprego), a partir da realidade de alguns países desenvolvidos da Europa (França, Alemanha e Inglaterra). Nem essas nações escapam dos efeitos danosos da globalização financeira. Difícil é encontrar argumento que justifique a manutenção desse modelo de política econômica e social. Acesse o artigo em: http://www.usp.br/ccint/gacint/panorama/Panorama32port.pdf

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Política - Notas

PSDB também é Chinaglia
Os social-democratas formalizaram hoje (11/01) apoio ao candidato do PT à presidência da Câmara. Evidentemente, a base está rachada. Alguns deputados tucanos, principalmente os de São Paulo, protestaram. Paulo Renato Souza, Duarte Nogueira e Arnaldo Madeira dispararam contra o líder Jutahy Junior (PSDB-BA).

Pense grande
O deputado federal reeleito Raul Jungmann (PPS-PE) é acusado de desviar recursos do Incra. O parlamentar foi ministro do Desenvolvimento Agrário no governo FHC. A ação partiu da Procuradoria da República no DF. Estão envolvidas no suposto esquema mais oito pessoas. O paladino da ética, que manda o eleitor pensar grande em época de eleição, se vê assombrado pelo passado que poucos conhecem. Aguardemos a apuração dos fatos.

Privatização suspensa
Lula decidiu reavaliar modelo de concessão de rodovias para a iniciativa privada. Grandes trechos estavam prestes a entrar em leilão: Régis Bittencourt (São Paulo - Curitiba), Fernão Dias (São Paulo - Belo Horizonte), dentre outros. A chiadeira no mercado foi geral.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Política - Notas

Desfiliação
O governador do MT, Blairo Maggi, formalizou pedido de desfiliação do PPS. Aliado de última hora do presidente Lula, deverá migrar para o PSB ou PR.

PMDB é Chinaglia
Numa reunião realizada hoje (09/01) no Congresso Nacional, o partido decidiu apoiar o candidato do PT à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia. O acordo só foi possível porque o PT firmou compromisso de apoiar o PMDB para a comando da casa legislativa em 2009.

MPE pede cassação de Cunha Lima
O Ministério Público Eleitoral da Paraíba solicitou ao TRE a cassação do mandato do governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e de seu vice, José Lacerda Neto (PFL). Motivo: abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral, devido à distribuição de cheques a pessoas carentes, com dinheiro público.

domingo, janeiro 07, 2007

Política - Terceirizado chega a custar duas vezes mais que servidor público

Matéria de O Estado de S. Paulo de hoje. Análise de contratos feitos por diversos órgãos públicos (INSS, DNIT, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) com empresas prestadoras de serviços, mostram que um funcionário terceirizado chega a ganhar o dobro que um servidor público concursado. Na área de informática do INSS, por exemplo, um prestador de serviço ganha R$ 1,3 mil, enquanto o servidor tem salário de R$ 635,98. E isso já é do conhecimento do Ministério Público Federal, Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União. Enquanto não se faz nada para coibir a terceirização, principalmente nas atividades-fim, as prestadoras de serviço agradecem à Viúva pela generosidade em adotar tabela de preços superior às praticadas pelo mercado. Com a palavra, o contribuinte.
Reportagem completa em: http://txt.estado.com.br/editorias/2007/01/07/pol-1.93.11.20070107.12.1.xml

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Economia - Valor de mercado da Petrobras: R$ 221 bi

Ainda o patrimônio da viúva. Desta vez, a Petrobras. Ontem (04/01), foi divulgado o valor de mercado da estatal brasileira de petróleo: US$ 103 bilhões. Desses, a União detém 32,2%. Nas bolsas de valores estão 30,9%. O capital social restante: estrangeiros, 8,2%; BNDESPar, 7,6%; trabalhadores (FGTS), 2,5%; demais pessoas físicas e jurídicas, 18,5%. Enfim, todo mundo está em festa. E tome dinheiro para fazer campanha publicitária.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Economia - "O Banco do Brasil é do Brasil"


O Sindicato dos Bancários de Brasília realizou nesta quinta-feira (04/01) uma manifestação contra a nova campanha publicitária do Banco do Brasil em frente à sede da instituição. Afirmam que ao designar o BB como o Banco do João, Banco da Maria, Banco do Bruno, transmite-se a idéia de que seja uma empresa privada. Temem que, por trás dessa iniciativa, exista uma tentativa de privatizar o banco.
Em tempos que o presidente Lula diz que não é de esquerda, tudo é possível. Principalmente depois que ele vendeu parte do capital total da instituição financeira para que o banco pudesse se inserir no "Novo Mercado" de valores mobiliários da Bovespa (O Tesouro Nacional detém 72,1% do capital, o fundo de pensão dos funcionários do BB, 12%, o BNDESPar, 3,4%, ficando o mercado com 12,5%).
Que o BB continua sendo nosso, não restam dúvidas. Mas o temor dos bancários - que deveria ser o da sociedade, em geral - tem uma razão: o banco já esteve bem próximo da privatização em tempos recentes.