segunda-feira, outubro 26, 2009

Freire diz que PSDB terá que renegar FHC

O presidente do PPS, Roberto Freire, disse, ontem, num programa de TV cearense, que o candidato do PSDB à Presidência da República deverá renegar o modelo econômico adotado nos dois governos FHC (1995-2003). Freire disse que a política econômica do governo FHC não é a do PSDB e que ela não poderia ser associada ao programa do pré-candidato José Serra.
O que o ex-senador pede é, no mínimo, absurdo: se o PSDB recusar as ações do governo FHC, qual será a bandeira de campanha? Os oito anos de FHC serão jogados no lixo? O que isso provocará no eleitorado? Isso não daria combustível aos marqueteiros da candidatura Dilma?
As afirmações do ex-comunista revelam o momento confuso que vive as oposições no Brasil. A falta de discurso alternativo ao de Lula será o grande imbróglio de uma possível candidatura Serra. O PSDB perdeu uma chance ímpar de se tornar o grande partido social-democrata do país, durante as duas gestões de FHC. Ao se aliar ao antigo PFL, deixou o ideário neoliberal transformar-se em ações de governo, ao privatizar dezenas de estatais e reduzir o papel do Estado na economia. Acabou dando, quase de graça, discurso alternativo ao PT, que outrora se intitulava partido do socialismo, mas acabou aceitando a pecha de "social-democrata" para chegar ao poder.
Ao que parece a terceira via de Giddens prevaleceu. A falência dos diversos governos neoliberais mostra isso. O neoliberalismo não resistiu à crise. O PT ficou com a terceira via e FHC, e por conseguinte o PSDB, mesmo que não queiram, com o neoliberalismo. E aí, Freire? Como ganhar a eleição diante dessas óbvias constatações?

terça-feira, março 24, 2009

Eleições 2010

Senso de oportunidade
O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz pode ser o candidato do PSOL à presidência da República. A ex-senadora Heloísa Helena que, em alguns cenários, chega a possuir 26% de intenção de voto para a chefia do Executivo, conforme última pesquisa Datafolha, deve tentar retornar ao Congresso Nacional.

Dilma cresce
A ministra-chefe da Casa-Civil, Dilma Rousseff, chega a 16% de intenção de voto para a presidência. Foi a candidata que mais cresceu. E o mais importante: é desconhecida de quase metade da população brasileira (48%). E dos eleitores que a conhecem, apenas 12% se dizem bem informados sobre a candidata. José Serra, por exemplo, é conhecido de 95% do eleitorado brasileiro.

PT lidera em todos os cenários na BA
O atual governador Jaques Wagner deve ser reeleito em 2010 na Bahia. O chefe do Executivo baiano é líder em todos os cenários apresentados pela última pesquisa Datafolha e mantém, pelo menos, 17 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. O PT tem grandes chances de eleger governadores no RS (o ministro da Justiça, Tarso Genro), em SC (a senadora Ideli Salvatti) e em MG (o ex-prefeito de BH, Fernando Pimentel).

quinta-feira, março 19, 2009

Falta o voto de Gilmar

O julgamento da reserva indígena Raposa Serra do Sol está próximo do fim. A demarcação contínua é certa pois o placar está 9 a 1 favorável aos índios. O único voto contra foi o do ministro "vice-líder da oposição" Marco Aurélio Mello. Vocês duvidam como votará o ministro "líder da oposição" Gilmar Mendes?

Lima Neto nega interesse do BB pelo Banrisul

O presidente do Banco do Brasil, Antonio Francisco Lima Neto, negou ontem que haja interesse do banco público federal na compra do banco estadual gaúcho. Engana-me que eu gosto.

Vale tudo no Amazonas

Para derrotar a oposição no AM, liderada pelo senador Arthur Virgílio (PSDB), em 2010, o presidente Lula pretende reunir, no mesmo palanque, adversários de longa data: o governador Eduardo Braga (PMDB), o prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB) e o senador licenciado e ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR). O primeiro deve concorrer a uma das duas vagas ao Senado. Os outros dois disputam a indicação do grupo para concorrer ao governo do Estado, com vantagem para o ministro.

quinta-feira, março 12, 2009

Frase do dia

"É intrigante a facilidade com que se criam certos consensos e se mudam o conteúdo destes consensos de um momento para outro. Nós últimos meses assistimos a uma dessas mudanças. O Estado, que era apontado como vilão, passou a ser a solução. E o mercado passou a ser o problema".

Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e professor catedrático da Universidade de Coimbra, em artigo publicado na Agência Carta Maior

segunda-feira, março 09, 2009

"O mundo não se importa comigo"


Começa o filme. Ao som de "(Bang Your Head) Metal Health", de Quiet Riot, somos apresentados a um passado de glória de um lutador, através de pôsteres, revistas, cartazes e notícias de jornal. Corte. Alguém está tossindo. Não vemos nada. De repente, câmera ao nível do chão e um pouco distante, vemos o lutador sentado, com os braços apoiados na perna e olhando para baixo (para o nada, talvez). É ele quem tosse. Ainda não vemos seu rosto. Ele se levanta e caminha para o ginásio. Dessa vez, as cadeiras estão vazias, o chão está sujo e dois fãs vêm pedir seu autógrafo. Não, não haverá luta. Dessa vez, não. O ringue está sendo desmontado e percebemos que o lutador carrega uma mala. Para onde ele vai?

Essa pergunta é o leitmotiv do filme de Darren Aronofsky. Randy "The Ram" Robinson (Mickey Rourke) é o lutador mencionado. É o anti-herói da história. Só vemos seu rosto por completo após seis minutos de película, em meio a um ambiente escuro, enquanto ele toma um comprimido e olha fotos de seu passado. Ele balança a cabeça. Parece saber que esses tempos não voltam mais. Ele dorme. É acordado por crianças. Carrega novamente sua mala e vai para o ginásio. Ele se prepara. Dessa vez vai ter luta. Ele não desiste.

"O Lutador" fala dos excluídos pós-modernos, sejam eles lutadores, operários ou dançarinas exóticas, como Cassidy (Marisa Tomei). Fala de amor, dor e glória. E fala de tempo, também. Do tempo rápido do espetáculo contemporâneo, já que o lutador só está ali por causa da platéia (aqui temos uma clara intenção do diretor em traçar um paralelo entre a luta livre e o cinema). Ele descobriu seu papel na sociedade do espetáculo. Ele se realiza com isso. Mas o mundo não se importa com ele. Afinal, ele está velho. Já se passaram 20 anos desde a famosa luta contra The Ayatollah. Ele se esforça para se manter no auge. Luta, em vão, contra o tempo. Sofre um ataque cardíaco. Repensa sua vida. Vai atrás de Cassidy, por quem nutre um amor difícil de se realizar em vida a dois. Procura sua filha Stephanie (Evan Rachel Wood), que não vê há anos. É com ela que ele se revela: "E agora sou um velho pedaço de carne estragado e estou completamente só. E mereço ficar completamente só". E no momento mais comovente do filme, faz a ela um pedido: "Eu só quero que não me odeie. Ok?". Ele tenta se manter na linha. Abandona temporariamente a luta, arranja um emprego e combina um jantar com a filha. Mas nosso anti-herói fracassa (ainda bem!). Volta para os ringues, pede demissão do emprego no supermercado e falta ao jantar com Stephanie. Ele quer ser dono de seu lugar e de seu destino.

"Mas seu coração...", divaga preocupada Cassidy, diante do retorno de The Ram ao que sempre quis fazer. E nosso Mersualt responde: "Meu coração ainda bate". "Mas o médico disse...", insiste a stripper. "O único lugar que ele sai machucado é lá fora", afirma nosso Tarrou. E finaliza: "O mundo não se importa comigo". Vai para o ringue. Entre socos e pontapés, prepara-se para seu último golpe. Corte.

É com surpresa que vejo a realização desse drama camusiano de Darren Aronofsky. Só em não ver os enquadramentos alucinógenos, os efeitos visuais, sonoros e estilísticos e edição rápida e frenética de seus filmes anteriores, a película já mereceria um lugar ao sol na sua filmografia. Mas é Mickey Rourke, definitivamente, a grande força do filme. Randy é uma grande personagem e foi muito bem desenvolvida pelo roteiro e pelo ator.

Um filme brutal, honesto e tocante. Como poucos.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Ala do PSOL p... da vida com Nery

A ala mais "radical" do PSOL anda p... da vida com o senador José Nery (PA). Tudo por causa do apoio explícito da bancada do PSOL no Senado, que é composta apenas por Nery, à candidatura Tião Viana (PT-AC) para a presidência da Câmara Alta. Os integrantes da ala alegam que o partido não poderia declarar apoio a um partido "corrupto" como o PT. Pregavam o voto nulo. Pense como ia ser útil o voto nulo do senador Nery. Façam-me rir "radicais"!

PT, PSDB e DEM unidos contra Collor

A briga pela presidência da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal (CRE) promete. De um lado, o senador Fernando Collor (PTB-AL). Do outro, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

O primeiro foi responsável, enquanto presidente da República, pela maior recessão da história econômica brasileira; extinguiu órgãos públicos e privatizou dezenas de estatais; promoveu um verdadeiro loteamento da máquina pública e foi cassado pelo Congresso Nacional depois que seu irmão acusou seu tesoureiro de campanha de articular esquema de corrupção de tráfico de influência e pagamento de propina que teria como beneficiários o próprio presidente e demais "autoridades" do governo.

O segundo foi quem primeiro se utilizou do dinheiro "limpo" de Marcos Valério, na campanha para governador de Minas em 1998. É apoiado por DEM (eterno aliado dos tucanos) e PT (que não engole o apoio do PTB a Sarney), além do PSDB que já elegeu seu líder no Senado para ser o "porta-voz" da campanha de Azeredo à presidência da CRE.

Arthur Virgílio (PSDB-AM) já invocou a moral para justificar a escolha de Azeredo. Afirma que Collor não tem "moral" para presidir uma comissão do Senado. E Azeredo tem?

Renan Calheiros (PMDB-AL) prometera a presidência da CRE a Collor, a fim de garantir os sete votos do PTB na candidatura Sarney à presidência do Senado. Sarney obteve os votos prometidos e agora o PTB cobra a fatura.

Ao PMDB coube a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos que deve ficar com Garibaldi Alves Filho (RN). O DEM, segunda maior bancada, ficou com a Comissão de Constituição e Justiça, que deve ser confiada a Demóstenes Torres (GO). Como o PSDB é a terceira maior bancada do Senado tem direito, pelo critério da proporcionalidade, a escolher a comissão de seu agrado. Escolheu a CRE.

Essa briga ainda rende algumas notícias. A base do governo deve rachar ainda mais.