sábado, outubro 18, 2008

"Estamos perdidos há muito tempo..."

E no mesmo programa, Abujamra lê um texto do escritor português Eça de Queirós, de 1871 (vide abaixo)! Qualquer semelhança com a realidade brasileira atual terá sido mera coincidência.

"Estamos perdidos há muito tempo. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média se abate progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Por toda a parte se diz: o país está perdido!... Algum opositor do atual governo?... Não!"

"Ninguém pode servir ao povo e ao dinheiro"

Excelente a entrevista concedida pelo jurista e professor Fábio Konder Comparato a Antônio Abujamra, no programa "Provocações", da TV Cultura, de ontem. Comparato falou da Escola de Governo, que ele criou, e da sociedade brasileira. Questionado se a Reforma Agrária um dia seria feita, o jurista afirmou que não, a curto prazo, tendo em vista a formação de nossa sociedade, fincada em três pilares: escravidão, latifúndio e privatização do espaço público.
Abujamra provoca: o senhor prefere "os bastidores ou o poder?". Comparato responde: nem um nem outro, mas sim "o meio público". Abu provoca mais uma vez: "o mundo sempre piora?". O jurista acha que não: "acho que houve uma melhoria ética fundamental".
Para finalizar, o professor cita um trecho bíblico: "Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro". E complementa: "Ninguem pode servir ao povo e ao dinheiro". Imperdível!

quinta-feira, outubro 09, 2008

Frase do ano

"Demorei algum tempo - talvez tempo demais - para perceber as dimensões do perigo. É hora de um resgate abrangente"*
Martin Wolf, editor de economia do The Financial Times, neoliberal convicto. Depois dessa crise, não sei mais.

*Em resumo, quer que os governos assumam praticamente todo o sistema financeiro. É o que ele chama de "recapitalização". Eu chamo de estatização.

Capitalismo em crise

A Agência Carta Maior traz uma série de reportagens acerca da maior crise do capitalismo dos últimos três séculos. Além de artigos escritos pelos jornalistas da publicação eletrônica, nomes como Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Joseph Stiglitz e Eric Hobsbawn fazem análises e apontam soluções para contornar a crise, em entrevistas e/ou ensaios especiais.

Aperitivo

"Ela [a crise] diz ao mundo que esse modelo não funciona. Esse momento assinala que as declarações do mercado financeiro em defesa da liberalização eram falsas"
Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia de 2001

"Entupiu o sistema circulatório do capitalismo. Precisa agir rápido, antes que ocorra a trombose"
Maria da Conceição Tavares, economista, professora-titular da Unicamp e ex-deputada federal

Os artigos e entrevistas completos podem ser acessados em http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?home_id=90&alterarHomeAtual=1


sábado, outubro 04, 2008

PT crescerá, DEM minguará

Sinal dos novos tempos

O PT deve fazer 700 prefeitos nas eleições municipais desse ano, um crescimento de 70% em relação a 2004 quando o partido elegeu 411. O DEM vive situação delicada: elegeu 790 prefeitos em 2004, hoje tem 670 e não deve eleger nem 450 esse ano. Deixará de ser o quarto partido do país, cedendo lugar ao PP.

Sinal dos velhos tempos

O PMDB continuará tendo o maior número de prefeitos: elegeu 1.057 em 2004, hoje já possui 1.212 e deve manter esse quantitativo após as eleições desse ano.

Sinal amarelo para o PSDB

Os "social-democratas" ficarão de fora de possíveis pleitos em segundo turno nas principais cidades do país: São Paulo, Belo Horizonte (há chance de a eleição ser resolvida ainda em primeiro turno) e Rio de Janeiro.

Com informações da Folha de S. Paulo

Sábias palavras

“Houve um tempo em que a palavra da moda era choque de gestão, modernidade, iniciativa privada, o mercado resolvia tudo e o Estado não servia para nada. Como Deus escreve certo por linhas tortas, [aprendemos que] não existe feio e nem bonito. Entre o feio e o bonito existe o meio termo”

Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso proferido durante a comemoração dos 70 anos do Sindicato dos Químicos, em Santo André/SP